Empresas fazem perfume e esmalte veganos para agradar amantes de bichos
Márcia Rodrigues
Colaboração para o UOL, em São Paulo
Esmalte vegano (sem ingredientes de origem animal) da Surya é vendido a R$ 20. Foto: Divulgação
O mercado de cosméticos veganos tem aberto oportunidades para empresas que criam alternativas aos produtos vendidos pelas indústrias multinacionais.
A Surya Brasil, por exemplo, fabrica e exporta xampus e até esmaltes veganos. Já La Vie Vegan criou uma linha de colônias perfumadas e a loja virtual Capymstore se especializou na venda de produtos que não ferem animais.
Criada em 1994, a Surya é um caso bem-sucedido de fabricante de produtos orgânicos e veganos. Exporta para 40 países, entre eles, EUA e Emirados Árabes, e está presente em redes como lojas Americanas, Drogasil, Drogaria São Paulo, entre outras.
Apesar de não revelar faturamento, a empresária Clélia Angelon diz que a marca cresceu 30% em 2014, e espera faturar 50% mais em 2015.
Além de manter um espaço na Vila Mariana, em São Paulo, fez recentemente uma parceria para vender no Shopping Ibirapuera. “É o primeiro passo para iniciarmos o processo de abertura de franquia. Começamos com esse piloto e devemos abrir as primeiras unidades em 2016.”
A Surya comercializa, atualmente, 11 linhas que contêm 158 produtos. Os preços vão de R$ 9,95 (loção de tratamento para fixação de cor em cabelos tingidos) a R$ 240 (xampu da linha profissional). Ela diz que na loja do Ibirapuera o gasto médio do cliente é de R$ 500. “Muitos compram para a família toda.” Entre os produtos, há ainda o esmalte vegano, vendido a R$ 20.
Gatos inspiraram criação de linha de perfumes
Com nomes inspirados nos gatos que resgatou da rua, a empresária Angela Ledesma criou a La Vie Vegan em setembro de 2014.
A empresa produz uma linha de colônias perfumadas e hidratantes veganos (sem ingredientes de origem animal) e não realiza testes em animais. As vendas ainda são baixas, 60 itens por mês, mas a ideia é agradar um público que, como ela, é amante de bichos.
Colônias da La Vie Vegan têm nomes inspirados em gatos resgatados
A dona da La Vie Vegan afirma que começou a se interessar em produzir uma linha própria por ter dificuldades para encontrar perfumes veganos e que não realizam testes em animais. “Quando eu vi que não havia produtos que atendessem às minhas necessidades, vi a oportunidade de começar um negócio.”
Produtos convencionais podem usar fixadores de aroma feitos de óleo de baleia e castor, por exemplo.
Atualmente, a empresa tem cinco colônias. Cada uma com nome de um gato: Marcel (masculina), Toulouse e Olivier (unissex), Julie e Amélie (femininas).
Todas custam R$ 39,90. As fragrâncias unissex também deram nome aos hidratantes, vendidos por R$ 23,50 a unidade. “As fórmulas são feitas com manteiga de karité e derivados do óleo de coco.”
Ela espera aumentar as vendas em 28% até o fim do ano participando de eventos voltados ao público vegano. “Quem é vegano tem todo o cuidado de ler o rótulo dos produtos e se informar. Eu percebo que quando eles nos conhecem confiam mais e acabam virando clientes fiéis.”
Dificuldade de achar produtos motivou e-commerce
Donos do Capymstore, a empresária Daniela Pantani e o seu sócio, Jorge Cruz, perceberam que veganos, muitas vezes, perdem tempo na triagem de cosméticos, e resolveram criar um site para facilitar. “Todo vegano lê o rótulo dos produtos e checa se a empresa realiza testes em animais. Nós fazemos todo esse trabalho para ele ter a certeza de estar comprando um produto livre de crueldade.”
Antes de expor qualquer produto, eles dizem que checam todos os componentes, verificam se as fabricantes têm certificação de empresa limpa, ou seja, que só trabalham com produtos naturais e respeitem os animais e o meio ambiente.
A loja virtual, que existe desde agosto de 2014, comercializa atualmente 250 itens e espera um crescimento de 20% no seu faturamento que não foi revelado.
Trabalhar com nicho é limitador, diz consultora
Segundo Beatriz Micheletto, consultora do Sebrae-SP (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), a atuação em nichos traz menos consumidores para o negócio. “Esse tipo de produto não pode ser oferecido como mais um. Ele tem de trazer alguma especialidade. Por isso, ele acaba sendo um pouco mais caro.”
Para ela, antes de pensar em abrir um negócio para atender a um público específico é preciso pesquisar muito e ver se realmente há campo. “No caso dos cosméticos, é um segmento que dificilmente tem crise. Mesmo em períodos de dificuldades, as pessoas deixam de comprar bens duráveis, mas querem elevar a sua autoestima. Por isso, acabam comprando mais cosméticos.”
Onde encontrar:
Capymstore: capymstore.com.br
La Vie Vegan: facebook.com/lavievegan
Surya Brasil: suryabrasil.com.br
Fonte: Economia UOL